domingo, 29 de agosto de 2010

SAC – SERVIÇO ANTI-CIDADÃO (2ª parte)

O povo dormindo na porta (usuários e vendedores de lugares)

Em quase todos os órgãos de prestação de serviços no Brasil, é dito que devemos chegar cedo para pegar fichas, (eles adoram fichas) e o povo, mansamente, sai de suas casas, ainda na noite anterior, e “dorme” na calçada, no anseio de ser atendido – no caso do SAC de Itabuna, essa condição é extremamente perigosa, o órgão fica no Centro Comercial, ou seja, será preciso enfrentar a ação do trafico local somado ao seu fruto, os “noiados” (como são popularmente chamados os usuários de crack), e sobreviver até o amanhecer.

Junto a esse desmazelo, existe, na entrada do órgão, um esquema de venda de lugares, montado por ambulantes e pedintes do Centro. Um usuário (que pediu para ser identificado por L.R., por receio de imprevistos), disse que brigou com algumas pessoas porque, dias atrás, ele passou a noite na porta do SAC e, ao amanhecer, uma mulher chegou reivindicando o lugar a sua frente, já que ela o havia comprado por 15 reais. Quando L.R. se negou a ceder, chegou um sujeito, tentando intimidá-lo, dizendo que aquele lugar estava guardado. Nosso informante continuou se recusando a ceder e o homem lhe propôs “rachar” o dinheiro. Após insistentes negativas, além da ameaça de ligar para o 190, pois L.R. falou que, se o lugar não lhe pertencia que a polícia viesse lhe retirar à força. Só então, “advertido” com a possibilidade da chegada das autoridades “de direito”, o homem saiu de fino e a mulher, que o havia pagado, perdeu o dinheiro.

O mesmo L.R. também falou que, na noite em que dormiu na porta do SAC, fez tudo aquilo por informações erradas passadas pelos funcionários do órgão. Ele chegou numa tarde, dias atrás, para pegar um comprovante de “antecedentes criminais”, um funcionário lhe informou que ele deveria se dirigir àquele mesmo local, muito cedo, e pegar sua “ficha”. O senhor LR entendeu cedo como “5 da manhã” e foi, no dia seguinte, às 4h e 30min. Não haviam mais “fichas”. No outro dia, às 3, outro não. Na terceira tentativa, ele chegou na noite anterior (quando se deu o fato do dono da fila, narrado acima), ficou até o amanhecer, enfrentou tudo aquilo para, na hora de receber a tão sonhada “ficha”, escutar outro funcionário dizer: “Ah senhor, pra ‘antecedentes’ não precisa ficha não...”.

Um comentário:

  1. Isso é uma vergonha, a população deve tomar sua providencias contra este desrepeito ao cidadão ...

    C Magno

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